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Vamos salvar os meniscos !

Há 2 semanas tive uma  grata oportunidade de participar de um congresso na bela cidade italiana de Bolonha que tratava de um assunto  bem particular : um congresso centrado nos meniscos dos joelhos. O nome deste evento é ” The Meniscus ” e já vem acontecendo a cada 3 anos .

menisco bolonha

Neste congresso , ortopedistas de várias partes do mundo  ( a maioria era da Europa e Ásia )  discutiram as mais recentes informações sobre vários aspectos sobre estas estruturas fundamentais para o saudável funcionamento do joelho . Destaco os principais tópicos abordados neste congresso :

  • anatomia revisitada , com estudos modernos , mostrando detalhes importantes e a correlação no tratameto  ;
  • biomecânica ;
  • mecanismos de lesão ;
  • tipos de lesão meniscal ( destaque para lesões apenas mais recentemente melhor compreendidas – “ramp lesion ” e ” root lesion ” ( lesão da raiz meniscal );
  •  como suturar um menisco ( o que chamamos de meniscorrafia )  , preservando-o  , com detalhamento de modernas técnicas e novos materiais que facilitam o tratamento ;
  • complicações após a retirada do menisco ( meniscectomia ) ;
  • indicações e técnicas para substituição do menisco ( implantes artificiais ou transplantes de menisco de cadáver )
  • tratamento de lesões associadas , como lesões ligamentares e cartilaginosas

crachá menisco

Foram três dias de intenso aprendizado e atualização que  poderei colocar em prática imediatamente . Sedimentou ainda mais um conceito difundido de preservação dos meniscos  , já que a literatura não deixa dúvidas da sua extrema importância para o perfeito funcionamento do joelho.

 

As dores nos joelhos e a prática da corrida

Hoje  atendi um paciente de 47 anos, homem , com dores recorrentes no joelho, durante a prática de corrida. Em média,  corria três a quatro vezes por semana, na rua e também na esteira, de oito a doze km por corrida.  As dores já aconteciam há cerca de três anos, eram de leve intensidade, mais durante a corrida e apareciam mais quando ele aumentava um pouco o ritmo ou quando corria uma prova mais longa, como uma meia maratona.

Praticava também musculação e utilizava tênis adequados para o esporte. Ultimamente estava um pouco acima do peso , cerca de 3 kg, pecado atribuído às  férias que passou na casa da mãe.

Já tinha passado em outros médicos, feitos exames como ressonância, sem mostrar lesões importantes como ruptura do menisco ou desgaste da cartilagem. O exame físico era normal , sem deformidades , sem sinais sugestivos de algo mais sério . Foi tratado como ” tendinite do corredor ” , realizando fisioterapia e um pouco de repouso, com melhora  do quadro.

Também segui este raciocínio de sobrecarga dos outros colegas, orientei ajustar a dose de corrida ( diminuindo um pouco a frequência e a distância  ) , orientei fazer uma dieta e perder o peso que tinha a mais e também recomendei a prática de pilates. Tenho certeza que seguindo estes passos vai melhorar.

Descrevi este quadro porque é um quadro bastante comum com que deparamos nos últimos  anos nos consultórios ortopédicos. A corrida se popularizou muito e nos grandes centros as provas de 5 , 10 km e  outras distâncias atraem multidões. O prazer que a corrida proporciona ao final do esforço, a perda de peso que ela gera, a melhora da auto estima alcançada pelo corredor, entre outros benefícios à  saúde que o esporte traz , a vontade em superar os limites, um ou mais de um destes elementos muitas vezes conduz alguns a exagerar na dose, correndo mais do que o corpo aguenta. E é este excesso que pode levar a quadros mais simples como o descrito acima ou quadros mais complicados que também vamos com frequência.

Entre os problemas de joelho que encontramos nos corredores , poderia citar :

tendinite patelar ;

síndrome da banda íleo tibial ;

condromalácea patelar ;

artrose do joelho ;

– sinovite ;

lesões dos meniscos ;

– fratura de stress ;

– tendinite do quadríceps .

Cada um destes diagnósticos acima pode ser feito pela história , exame físico e eventualmente algum exame complementar .

Em relação ao tratamento , vai depender também do diagnóstico .

Normalmente é necessário um medicamento , um tempo de repouso , um período de fisioterapia e até uma cirurgia pode ser necessária dependendo do caso  .

Mas o que eu gosto de salientar em relação a esta atividade é que para cada paciente existe um ponto de equilíbrio , ou seja , um limite individual que deve ser respeitado . Gosto de ponderar que algumas pessoas tem uma maior reserva , seja ela de condicionamento cardiorespiratório ou de reserva ortopédica ( estrutural ) . Sem dúvida que ela pode ser modelada e aumentada , mas mesmo assim existe um limite . E pergunto , qual o limite de cada um ? Eu não consigo definir isto . O corredor tem que ter um pouco de bom senso , esquecer o que o seu amigo ao lado consegue de resultados . Tem que sentir o seu corpo e respeitar algum desconforto que pode com o tempo progredir para a dor . Um paciente obeso , de mais de 100 kg , pode ter fôlego para correr 5 , 10 km ou 1 hora ou mais , mas questiono se o seu joelho vai aguentar esta repetição por alguns meses . Questiono também corridas acima de 10 km para as  ” pessoas comuns ” . Não sou favorável a distâncias muito longas  , acredito que os prejuízos potenciais superam os benefícios . Assim , procuro descrever estes aspectos para que cada um posso encontrar o seu ponto de equilíbrio , em que possa de maneira saudável fazer um exercício por muito tempo.

Dor no joelho na mulher

A dor no joelho tem diversas causas . Podem ser relacionadas a contusões , entorses , desgastes , malformações , tumores , sobrecarga de exercícios ou sobrepeso  e podem afetar a cartilagem , o osso , os tendões , os músculos , os ligamentos , os meniscos . O médico  , quando atende um paciente , no seu processo de diagnóstico , certamente pensa nestes dois pontos : o que gera a dor e onde ela está localizada . Feito isto , proporá o tratamento adequado .

Um fator que eu destaco como importante em relação a dor no joelho  é o sexo do paciente  . As dores no joelho no homem e na mulher tem em geral um comportamento diferente , que certamente estão ligados aos aspectos anatômico , hormonal e comportamental , notadamente distintos no sexo masculino e feminino .

Assim , do ponto de vista comportamental , as lesões decorrentes de traumas torcionais desportivos são menos frequentes em número absoluto nas mulheres porque elas praticam menos atividades físicas do que os homens , principalmente o futebol .  Neste esporte , são comuns as lesões de ligamentos e meniscos . Alguns  estudos sugerem que as mulheres futebolistas têm até maior chance de machucar os seus ligamentos , mas como em número absoluto aqui no Brasil ainda são poucas as praticantes,  o número de lesões é infinitamente menor que o dos homes. Em relação à corrida de rua , esporte que teve um grande aumento de popularidade nos últimos anos , não consigo perceber muita diferença entre as queixas de homens e mulheres . Normalmente observamos casos de tendinites , fraturas de stress , edemas ósseos e sobrecarga na cartilagem , sobretudo naqueles pacientes que se empolgam demais na corrida e exageram na dose  .

Em relação ao aspecto anatômico , as mulheres têm um quadril mais largo , o que influencia o formato do joelho , tornado-o um pouco mais em X , o que chamamos de geno valgo .  A musculatura da mulher pode ser um pouco mais fraca , podendo gerar desequilíbrios que afetam a região da patela . Aliás , a articulação fêmoro-patelar ( dor anterior do joelho ) , é muito acometida nas mulheres, sendo frequente a queixa de dor ao subir ou descer escadas , agachar , dor ao se levantar da cadeira . A crepitação ou barulho do joelho pode estar presente .

Finalizando , quando um paciente entre no consultório do ortopedista, com queixa de dor no joelho , certamente que o sexo já é um indicador de um tipo de problema . Obviamente cada caso tem suas particularidades , que serão exploradas pela história , exame físico e exames complementares. Não tenho dados estatísticos , mas as mulheres jovens e adultas tem muito menos chances de serem submetidas a tratamento cirúrgico do que os homens . Numa idade avançada , quando a osteoartrose atinge números parecidos entre os sexos,  esta correlação cirúrgica não vale , sendo que o número de artroplastias ( próteses ) se aproxima para os dois lados.

Barulho no joelho – joelho estalando – alguns conceitos

Uma queixa frequente que aparece nos consultórios dos ortopedistas é o barulho no joelho . O barulho no joelho , presente quando a pessoa anda, corre , agacha , se levanta de uma cadeira , sobe ou desce escadas , entre outros movimentos,  pode estar acompanhado ou não de dor . Pode também vir acompanhado de inchaço ou de episódios de falseio . Refletindo nossa riqueza e diversidade linguística , outros termos que ouvimos no consultório são : estalos , estralos, rangido , crepitação , “crec-crec” .

Está relacionado principalmente ao atrito que existe entre a patela e o fêmur , como visto nos vídeos abaixo , mas pode ser decorrente de outros “atritos internos do joelho “.

Algumas causas  possíveis destes ruídos são : alterações na cartilagem ( fissuras , afilamentos , corpos livres ) , lesões meniscais ( calcificações , flaps, menisco lateral  discóide ) , sinovite ( plica patelar ) , doenças reumática ( condrocalcinose ) .

O tratamento vai ser baseado no tipo de doença , podendo incluir medicamentos , fisioterapia, exercícios específicos, infiltrações e até cirurgia  . De uma forma geral , valorizamos mais o barulho quando vem associado a outro achado , principalmente a dor .  E , muitas vezes , quando solucionamos ou diminuimos a dor após o tratamento , o barulho pode persistir   .

Infiltração no joelho – veja como é

A infiltração no joelho pode ser usada em diversas situações : lesão do menisco , lesão da cartilagem , sinovite , artrite ou artrose , entre outras . Ajuda a aliviar a dor e ajuda a melhorar a mobilidade articular. O ortopedista deve discutir suas indicações , suas vantagens e desvantagens antes de realizar este procedimento , que pode ser feito no consultório de maneira simples e rápida .

Calcificação do menisco do joelho

Começarei a fazer uma série de posts curtos baseados em imagens de ortopedia . Assim , publicarei imagens de radiografias , fotos , tomografias , ressonâncias magnéticas ou outros exames , com comentários resumidos pertinentes .

Hoje publico uma radiografia de um paciente masculino , de 82 anos , com dor e dificuldade para andar e mexer o joelho . Clinicamente apresentava sinais de artrose do joelho e a radiografia confirmou a suspeita , mostrando calcificações na região meniscal , o que não é tão comum .

Abaixo mostro a radiografia em questão , seguida por uma radiografia com sinais iniciais de artrose , porém sem calcificação meniscal

calcificacaomeniscal

raioxjoelho